O segredo da felicidade: a paciência de esperar

           

            

           Às vezes é angustiante termos que esperar. Esperar por alguém, por algum acontecimento desejado, por um sonho, por uma mudança de vida. Admiro os que já adquiriram maturidade suficiente para ter paciência, dessa forma, não sofrem por algo que não está ao seu alcance.

            Sempre vivenciei experiências que exigiam de mim calma e paz de espírito, ou digamos, que eu criasse paciência. Esse é um dom que ainda estou desenvolvendo gradativamente conforme a necessidade de encarar situações que reclamem por ela. Seria hipocrisia minha dizer que por vezes não me revolto quando certos objetivos deixam de ser alcançados ou acontece de tudo e mais um pouco para "atrasar" o que eu desejo, afinal, sou humana, e tenho a total convicção de que não sou a única a sentir a mesma impotência e decepção diante do "não".

            Mas por que toda essa pressa? Medo de que não haja tempo suficiente para as conquistas? De acordo com o filósofo alemão Friederich Nietzche, “a vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade”, no fundo de seu pensamento calcado no plano da sensibilidade, ou seja,  material, a vontade humana objetiva ferozmente ultrapassar o invisível e  palpável, o que seja possível. Tomado por uma força arrasadora, e, talvez ,cega, o homem se acha auto-suficiente e poderoso o bastante para impor suas vontades ao destino e ignorar o coordenador da vida, o tempo.

            Dizer que tudo acontece na hora certa, e que nada pode burlar essa lei universal é mais do que um ato de conforto espiritual, mas sim, uma constatação dos acontecimentos em nossa vida. Para os observadores, é possível verificar quantas ocorrências que achamos desastrosas acabam por ter um resultado proveitoso; inúmeras situações que mostram que "nada acontece por acaso". Pode parecer cômodo mencionar isso quando não presenciamos experiências ruins, o que para as suas ‘vítimas’ tudo seria irreversível e catastrófico. Porém, tudo passa: os momentos bons deixam lembranças, mas não duram eternamente ... como os não tão bons aos nossos olhos ainda imperfeitos, que podem nos marcar com experiências que caberá a nós classificá-las como proveitosas ou não ao nosso desenvolvimento.

            O único capaz de mudar totalmente alguma coisa em nossas vidas somos nós mesmos. Atuamos como protagonistas de um  filme cujo roteiro é desconhecido. Não pensem que haverá dublê para as cenas perigosas e desconfortáveis; o final feliz dependerá de nossas atitudes e pensamentos, afinal somos os atores e diretores de nossa obra prima. Mediante o passar dos meses de lançamento do filme, cenas são gravadas e não ensaiadas, e claro, tudo poderá mudar no meio do caminho. É possível perdermos alguns sets de filmagem, mas a essência do filme e a forma como ela será interpretada que garantirá ou não o Oscar.

            Para não sofrer, vamos produzir paciência. Não tenhamos raiva das pessoas que podem dizer "agora não" aos nossos sonhos, elas podem estar nos ajudando a amadurecer e dando tempo para que realizações inimagináveis aconteçam nesse período - não somos donos da verdade, como saberemos o que é melhor para nós? Não digo isso para estimular a preguiça e comodidade, pelo contrário, vá em frente e tente, mas se não der certo, crie um plano B ou estude melhor o primeiro e o lapide, para que no futuro ele seja aceito pelo destino.