A ilusão é uma fé desmedida

Inspiro um ar quente e dolorido que queima todas as células mais profundas de meu corpo e ultrapassa minha alma, que inerte em ondas, cuja frequência, varia da mais intensa alegria até a lentidão causticante da incerteza.

 O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo? Clarice Lispector quando disse essa verdade, soube traduzir de forma clara e límpida o sentido de realmente estar vivo. Preciso sentir o amor revitalizante, a paixão devastadora e a dor que ela pode causar; necessito da ilusão, para que, talvez assim, eu possa alcançar meus sonhos e anseios, mesmo que seja apenas em um plano ilusório, mas a felicidade, da qual serei tomada por esses instantes sublimes, já terá valido a pena.

As pessoas não são perfeitas, pois são humanas, muito menos suas atitudes, que quando mal pensadas e analisadas, são capazes de devastar uma alma, perturbar uma mente sã e ferir até sangrar, como um golpe de punhal afiado, um coração repleto de esperanças e desejos, às vezes excessivamente pueris diante da crueldade real do mundo exterior ao seu próprio eu. O culpado em uma história de mágoas e feridas, eu não sei definir. Meus sonhos e expectativas foram grandes demais diante de pessoas pequenas para realizá-los? Tive fé demais em algo/alguém ainda tão impuro quanto eu?

Tenho o defeito, ou qualidade, de esperar demais do meu semelhante, de achar que todos ao meu redor são iguais ou melhores do que me considero. Por vezes, vejo o mundo ‘cor de rosa’, embora ele seja de um cinza chumbo nebuloso. Mas mesmo assim, acredito que essa névoa passa, e existe, sim, um céu tão azul e brilhante do outro lado dessa escuridão que, na realidade, nos habita.

Possuo uma fé incansável, uma esperança sem trégua e limites. O abismo não existe em meu coração; a medida que vou vivendo,  crio uma ponte cada vez mais forte e resistente , cuja base é feita de alegres e tristes experiências, transmutadas em aprendizado, e que me leva ao caminho da evolução. Agradeço á todos que me fizeram refletir, mesmo que dolorida e forçosamente, sobre a essência da vida. Obrigada por me dar pedras para criar minha ponte.
      
                                                                                                                             Bruna Lupp