Alma Cigana

“O céu é o meu teto; a terra, minha pátria; e a liberdade, minha religião”

Olhar profundo e enigmático, capaz de despertar as sensações mais íntimas do âmago da existência humana. Questionador. Sedutor. Magnetizante.

Despido de tabus e preconceitos, anseio em falar da alma cigana, um fluido sem rótulos e marcas materiais; é livre como o vento e perene em sua existência.

Amantes da lua, companheiros do sol. A luz prateada tinge-lhes os cabelos da cor do ébano, formando um dégradée de pura exuberância; os raios ardentes e brilhantes, mas famintos em alegrar os passos dançantes desses seres marcados pela alegria, criam uma áurea aurífera.

Ser cigano é um modo e estilo de vida. Aproveitar e sentir a vida através do êxtase paralisante em deslumbrar o nascer de cada novo dia invadindo o seu corpo, como se fosse o último. O amanhã a Deus pertence, mas o hoje cabe a cada um escolher como o viverá.

Sorriso brilhante, da cor do marfim, rodeado por um vermelho pulsante de paixão e promessas fáceis, encantadoras e envolventes, que como músicas, enfeitiçam seus ouvintes em uma dança enfurecida e sensual. Pés na terra, fincados na certeza de que a alegria, o amor e o sucesso existem para aqueles que acreditam.

Libertos da opressão causticante e sufocante da rotina, o verdadeiro cigano levanta acampamento e explora, sem temor, novas estradas da vida. O medo não existe para a alma musical, que afasta com sua melodia colorida, a escuridão abissal da incerteza e falta de fé.

Ser cigano está além da materialidade: é viver, pensar e sentir exaustivamente a beleza da natureza e dos acontecimentos mais simples e comuns que nos cercam a todo instante; é sorrir para os inimigos com o único objetivo de o iluminar com a luz do amor; é fazer o bem sem olhar a quem.

                                                                                                                               Bruna Lupp