Hipocrisia, a trave em nossos olhos

Uma virtude simulada é uma impiedade duplicada: à malícia une-se a falsidade.
Santo Agostinho

E Jesus anunciava, há mais de dois mil anos, sobre a nossa preocupação demasiada com o outro, sem antes olhar para nós mesmos. Um dia, porém, nossos olhos ardem ensanguentados e, finalmente, decidimos retirar o cisco que nos cegava.

Passamos tanto tempo sendo juízes da vida alheia – julgando e condenando -  que não percebemos quão prisioneiros somos de nossas imperfeições. Acredito que muitos já nascem com a doença de “torcicolo” e só olham para frente, pois é doloroso  direcionarem suas atenções a si mesmos. Pensando sobre essa questão, cheguei a alguns motivos para esse vício de sermos o psicólogo indesejado do outro, analisando e questionando incansavelmente: temos um medo tão grande de nos conhecer profundamente e deparar com as nossas inferioridades que é mais cômodo pensarmos que somos superiores quando apontamos para a ferida alheia. Além do medo, temos a preguiça espiritual, que paralisa nosso bom senso e força de vontade de progredir, afinal, todos querem a glória celestial sem derramar uma gota de suor com o trabalho da reforma íntima.

E assim, após essa modesta reflexão, chego ao Grand Finale: Jesus, o psicoterapeuta das almas, por meio de suas sábias metáforas, já havia nos alertado sobre essa tendência humana, mas ainda precisamos sofrer para entender, definitivamente, e incorporar suas mensagens de amor. O Mestre mesmo declarou que somos deuses, filhos de Deus, e que poderíamos realizar proezas como a sua no futuro. Que verdade esplêndida e reconfortante. Diante dessa realidade inquestionável, temos o poder de arrancar essa trave que nos obstrui a passagem em direção à Verdade Crística.

Creio que um dos grandes males dessa Terra é a hipocrisia. Mas como o mal e a escuridão não existem de fato, sendo apenas produtos da ausência de luz, essa máscara de ferro se diluirá e revelará a essência divina que existe em nós. Deus nos aguarda de braços abertos – como o amoroso Pai que recebeu jubiloso o seu filho  pródigo.

                                                                                                                              

                                                                                                                              Bruna Lupp