Real ou não? Eis a questão ...

         Caro leitor, solicito que se despoje de toda vestimenta psicológica preconcebida sobre o que é o real e viaje comigo nessa reflexão para iniciarmos 2014 ... quase no fim de Janeiro, mas ainda está valendo …

- Doutor, tenho tido alucinações durante a noite e o dia … isso me preocupa

- Que tipo de alucinação? Algo perigoso para a sociedade? - perguntou aflito Dr.Wilson

- Não, só para mim. Na verdade, não consigo mais distinguir o mundo real da imaginação. Tudo parece o mesmo, fundem-se. As tristezas e alegrias são as mesmas, as sensações também. Mas o que ainda me faz sã é saber quem eu sou - retorna Izabel

- Entendo o que diz e posso lhe assegurar que você não está tendo alucinações, mas sim um despertar para a verdade. Afinal, o que é real? Um monte de matéria condensada? Ou o mundo em que mergulhamos ao fechar os olhos?

- É o que desejo saber – sorri Izabel.

        A fusão do real com o imaginário é uma questão a qual venho me questionando desde o início deste ano, devido a percepção de quão ínfima e fugaz é a nossa existência. Gastamos tanto tempo de nossos preciosos minutos nutrindo sentimentos menos edificantes e preocupados com o amanhã,que esquecemos de parar e valorizar aquilo que já conquistamos. Estamos sempre em busca do ideal de felicidade, saindo dos sonhos e nos dirigindo para o considerado real, o “concreto” – muitas vezes associado aos status do bom emprego, carros velozes e reluzentes e um belo companheiro de sorriso sensual.

        Conquistamos tudo isso e, no final, alguns indivíduos percebem que viveram uma grande mentira todo esse tempo. O real, na verdade, era uma imensa e profunda ilusão. Por isso, pergunto “Real ou não? Eis a questão”. O que é a verdade? Somos seres virtuais vivendo no mundo real ou seres reais vivendo em um poço de ilusão? Bem, essas perguntas cabe a cada um de nós responder, de acordo com os nossos valores e verdades construídas. Mas eu, particularmente, sou adepta da segunda hipótese.

        Resolvi redigir esse texto como abertura para o ano de 2014 pois estou farta de ilusões e decidida a construir o que é real para mim nesse mundo em que vivemos. Como fazer isso eu ainda estou pensando, mas desejo tanto mudar de perspectiva, que espero conseguir.Me disseram que devemos aproveitar, sim, o mundo com tudo o que ele pode nos oferecer – tanto bens materiais ou algo mais elevado – mas apenas com o cuidado de não transformar essa experiência em nossa realidade. O mundo deve ser apenas um instrumento para nos auxiliar a chegar ao real: nós mesmos! Quero fazer desse ano uma experiência construtiva para o meu “eu” eterno.

        Por isso, não chore pelas perdas efêmeras da Terra – ficar decepcionado é normal quando não alcançamos algo que queríamos – mas, acima de tudo, devemos valorizar aquilo que já tínhamos e às vezes não conferimos a devida importância : os amigos verdadeiros, o amor puro, o sorriso acalentador e as palavras edificantes ….

Feliz 2014 para você, caro leitor!

Bruna Lupp