Sob as garras da sedução

                      

“A vida, meu amor, é uma grande sedução onde tudo o que existe se seduz”

Clarice Lispector

Sinto-me arrastada por um imã, que me paralisa e leva à uma profundidade misteriosamente atraente.

            Às vezes o medo desse ‘sentir’ me invade, de tão forte  e intenso que é. Nem eu, alvo dessa força invisível e devastadora, sei a sua origem real; seria o brilho de seu olhar? A sensualidade de sua boca ao pronunciar o meu nome na calada da noite? O timbre taciturno e  rouco de sua voz ao sussurrar em meu ouvido? Sedução, você me seduz.

            Se um dos significados de fraqueza é deixar-se dominar pelo outro, então eu tenho a plena consciência de que me tornei discípula fiel de seus encantos. Como uma serpente que hipnotiza sua presa com o olhar magnetizante e a dança sensual, seu golpe final, marcado por uma misericórdia sinistra em abreviar o meu sofrimento, foi dado, inconscientemente por você, quando retirou as cicatrizes das antigas víboras de meu passado através de uma Peçanha milagrosa.

             A atração, amiga íntima da sedução, fez-me sua visita ao apresentar-me à você. Sem motivo algum, deixei-a entrar e instalar-se em minha vida. Agora, a sedução, querendo envolver-me, rodeia a minha volta com seus encantos físicos e extra físicos, na pueril esperança de tornar-se inquilina de meu coração; pois bem, ela conseguiu. Palmas para ela!

            Ainda é inexplicável tentarmos entender o porquê de muitas sensações. O que te seduz? Essa é uma questão que diversas vezes aguarda por uma resposta, mas embora subjetiva, concreto é o fato de saber o quão satisfatório e prazeroso é mergulhar nessa emoção, muitas vezes animalesca, mas que alimentamos com desejos e expectativas de gente grande.