A caçada








BUM!

Esse foi o barulho que estremeceu a floresta. As sombras tremeram e eu também. Que frio repentino tomou conta dessa máquina velha a que chamo corpo … estou sentido a sua presença. Meus pelos se eriçaram e os sentidos ficaram mais claros quando ele se aproximou. O hálito quente queimou minha pele congelada e seus dentes afiados rasgaram minha coragem. Deixei de ser o caçador.

- Corra depressa! Não olhe para trás - gritava o meu pensamento. Minha voz estava presa e nada saia de minha boca.

Tentei escapar, mas não conseguia. Ousei me mexer e me jogar ao chão … esforço inútil . Não sentia mais as pernas e os braços. Estava adormecido, dormente, demente. O fim. O aroma ácido de carne fresca se fez presente no ambiente úmido e desolador. Da escuridão, o carmim de seus olhos eram a única luz que se via.

- Por favor, tenha piedade … sou um pobre homem que nada fez de mal. Sou bom, honesto e trabalhador. O que você quer? Quem é você, fera horrenda?

Diante de minha súplica, a besta impiedosa apenas murmurou: eu sou você.

- Não pode ser! Eu? Aonde estamos? - gritei inconformado. Como essa coisa poderia dizer que era eu? Logo a pessoa mais doce e caridosa …

- Estamos no inconsciente. Aqui não há como escapar. Você bom? Ha ha ha - replicou a besta

E, (in)justamente, senti seu calor sobre mim e a caçada terminou.


Vamos deixar que a fera tome conta de nosso corpo ou seremos nós os caçadores?



Bruna Lupp

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