Borboletas no estômago



     Minhas pegadas marcaram a areia da praia e formaram uma trilha estreita, porém firme. Alguns traços estavam um pouco apagados, devido ao vento, mas era possível definir seus contornos. Passos carregados de firmeza, esperança e leve temor. Esses são os sentimentos que me refletem ultimamente.
    O nome do RG deixou de ser significante e se transformou nesse mix de “borboletas no estômago” que tomou conta de mim. A expressão é antiga, contudo, eficaz. Bem atemporal. “Borboletas no estômago, vulgo barriga”, rio comigo mesma. Sou um jardim, então! 
    A beleza colorida que se mistura com o aparente caos de diversas asas passando pra lá e pra cá. Tumulto e alegria. Essa diversidade de pensamentos me invadem quando penso sobre o quanto ainda sou capaz de SENTIR (...). Eu não acreditava mais, confesso. Me tornei cética após provações nada fáceis da vida e de outros homo sapiens sapiens, rs
       Pessoas que, na verdade, são tão carentes de afeto que não tem como dar nada além de seu ego. Suas borboletas já escaparam e nada lhes resta. Contudo, como no mar sem fim, é a possibilidade infinita de se reinventar e ser surpreendido pela vida. Bela surpresa, como uma ilha paradisíaca no meio do nada.
     Essa esperança que invade e faz meus passos ficarem mais firmes com o tempo, torna a caminhada mais prazerosa e me faz sentir como se estivesse de férias.
        Quando eu percebi que as danadas das borboletas queriam se aproximar de novo, fechei a porta e disse que não estava, tinha ido viajar. Elas foram insistentes e bateram até o dia raiar. Vencida pela gentil persistência, arrumei o cantinho pra elas e o enfeitei com os mais belos adornos.
       Se permitirmos a cor em nossas vidas, nada será mais preto em branco.

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