Altruísmo: mais que uma palavra.

  “Ontem voltava da escola e não parava de repetir uma palavra muito bonita que havia aprendido. Falava e falava mentalmente para não esquecer e poder anotar em meu diário.

  Cheguei em casa e corri para o quarto. Abri afoita o caderno amarelo trancado por um cadeado. Benditas chaves! Na hora que mais precisamos elas desaparecem. Desesperada, chamei por minha mãe e ela, parando  todos os seus afazeres, veio correndo me acudir. Parecia que o mundo estava acabando e meu tempo de lembrar da palavra também. Achamos as chaves de 2cm de comprimento dentro de minha gaveta. Peguei a caneta e escrevi: altruísmo. Ufa, suspirei aliviada.

  Minha mãe começou a rir porque me achou exagerada demais. E disse “ Filha, essa é uma palavra que deve ser ação”. Virou as costas e saiu. Fiquei com isso na cabeça e durante a noite elaborei um plano para fazer essa palavra difícil virar algo real.

  Mas como? O dia seguinte chegou e já estava aflita com essa situação. Todos na sala de aula já haviam esquecido o termo novo, menos eu. Mas não entendia como vê-lo em minha vida diária. O dia transcorreu sem muitas emoções. A hora mais esperada chegou: o lanche.

  Todos estavam muito ocupados com suas guloseimas e nem olhavam para o lado, como de costume .. Apenas um menino que não tinha para onde olhar, porque não havia o que comer. Achei estranha aquela cena, mas talvez porque nunca tivesse olhado para ele de verdade. Léo era o tipo de garoto que não se misturava, ficava pelos cantos e os poucos que iam até seu encontro só tinham a intenção de escarnecer de sua carência.  Fiquei comovida por sua mesa vazia. Assim que ele se levantou, fui até lá e deixei meu lanche ao lado de seu caderno. Sai e fui embora.”

  Yogananda ilustra em seu livro “ A eterna busca do homem” que o altruísmo é a base do amor. Ele não é para ser visível, nem mostrado. Apenas sabemos quando acontece. Embora, muitas vezes, seja difícil de ser praticado, sem ele, nada faz sentido. Como diz o Apóstolo Paulo “sem amor eu nada seria”. Hipócritas os que contam o quanto doam e alardem sobre “caridade” – pobres deles que já receberam o tesouro na Terra.

  Sejamos os que amam sem limites e se doam na verdade e autenticidade.