Obrigada,Mestre ....
Dizem que nós humanos
somos seres essencialmente insatisfeitos. Concordo com isso. Quem nunca sentiu
um vazio no âmago de seu peito e um aperto estranho, como se estivéssemos incompletos?
Às vezes uma tristeza sombria aparece repentinamente e as lágrimas começam a
descer sem esforço por nossos olhos, até que percebemos quão frágeis nós somos
diante da imensidão da existência.
Há alguns anos, fui apresentada àquele capaz de aliviar a
minha tristeza, me proteger do frio da realidade cruel da carne e me mostrar a
luz, que a princípio eu não via. Meu grande médico e conselheiro, meu Mestre
Jesus. Porém, para uma criança, sua figura ainda não estava totalmente definida
e não reconhecia nele a grandeza de amor e esperança que hoje admiro. Dessa forma, sua segunda e marcante
apresentação foi realizada há cerca de quatro anos, quando um estimado amigo,
que até então não recordava, surgiu em minha vida numa tarde de domingo e
descobriu meus olhos do véu da cegueira. Conheci, finalmente, a Umbanda.
Essa religião tão maravilhosa e acolhedora, que foi
fundada em 1908 pelo Caboclo das 7 encruzilhadas, é uma forma de amor que Jesus
nos concedeu aqui na nação Verde e Amarela, como a religião incumbida de falar
aos fracos e doentes; aquela que seria o instrumento para aliviar a dor dos que
estão cansados e sobrecarregados demais; a que falará aos humildes,
simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e
desencarnados ... ela que merevelou o Mestre, definitivamente.
A partir daquele domingo inesquecível, minha vida mudou
para sempre. De lá, conheci pessoas maravilhosamente evoluídas e aprendi o
verdadeiro valor da palavra “amor”. A Umbanda, uma das razões de minha alegria
na Terra, me ensinou a servir, tendo sempre o Mestre Nazareno como referência.
Foi ela que me chamou para a grandeza da experiência carnal, me revelando o
trabalho a ser feito e muito estudo, sempre tendo em mente as três regras
fundamentais para alcançar a espiritualidade: disciplina, disciplina e disciplina.
Na Umbanda, a lei maior é a da caridade; o juiz, o Cristo e a base teórica, a
bíblia.
Como religião brasileira, aqueles que tiveram a honra de
conhecê-la verdadeiramente e aprenderam a respeitá-la, tem o prazer de contar
com o carinho dos enviados do Mestre; o “clero” que compõe essa igreja que
consola, cura e ensina: os mentores espirituais. Lindo é escutar o brado forte
dos caboclos e apreciar a sua postura
firme e elegante nos dizendo a todo instante para nunca desistir; satisfatório
é ver o sorriso das crianças a nos
ensinar a fórmula da felicidade; realizado é aquele que valoriza a palavra
terna e reconfortante do preto-velho; e que prazeroso é sentir a vibração
positiva do querido povo cigano e o riso
contagiante dos exus. Com eles e Jesus, minha caminhada passou a ter um rumo
certo.
O vazio descrito no primeiro parágrafo ainda pode ser
sentido por mim, porém sua profundeza tem sido reduzida a medida que me permito
ser feliz comigo mesma e a confiar no Reino de Deus que está dentro de nós. Amo
minha religião e dedico esse texto ao amigo que me apresentou à ela. Indivíduo
muito querido e estimado, a quem respeito e admiro, meu segundo Pai. Aqui,
relatei brevemente a minha experiência religiosa, mas espero que você, leitor,
compreenda que a essência dessa mensagem está além da religião, e sim ligada ao
objetivo final de todas as filosofias espiritualistas que existem para nos
ligar à Divindade.
Aos umbandistas, gostaria de pedir, humildemente, que
estudem, se dediquem à causa espiritual. Evangelizem, reconforte seu semelhante,
cumpram a sua missão, pois ela é especial demais para ser negligenciada. Esse é o nosso dever, como filhos de fé: levar
ao mundo inteiro a bandeira de oxalá!
Abaixo, deixo um texto belíssimo que encontrei e que
resume o orgulho, a felicidade e amor que sinto.
Que Deus abençoe
a todos.
Sentado
ali em frente de seu congá o velho Sacerdote dirigente relembra com surpreendente
nitidez sua infância e seu primeiro contato com a
espiritualidade. Nitidamente ele se vê na tenra infância a
brincar sozinho no amplo quintal da casa de seus pais. Lembra-se que alguma
coisa o fez olhar para as nuvens e diante dele uma estranha imagem se forma:um
velho sentado ao redor de uma fogueira e um menino a ouvir-lhe estórias. De
alguma maneira o menino ao ver aquela cena sabia que se tratava dele mesmo.
O tempo passou e a cena jamais
esquecida e também jamais revelada, o acompanha em sonhos e lembranças.Cresce e
acaba se tornando médium Umbandista. Aos poucos vai conhecendo seus guias,
que vão tomando seu corpo nas diversas "giras de
desenvolvimento". Primeiro o Caboclo, que lhe parece muito grande e
forte, depois os demais... Até que, ao completar 18 anos, seu Exu também
recebe permissão para incorporar.
Já não é mais médium de gira, a bem
da verdade ocupa o cargo de pai pequeno do terreiro. Percebe que não tivera uma
adolescência como a da maioria dos jovens que lhe cercam na escola. Não vai a
bailes, festas... Dedica-se com uma curiosidade e um amor cada vez maior à
prática da caridade. Os anos passam e acaba pôr abrir seu próprio Templo
Umbandista. Inúmeras pessoas procuram os seus guias e recebem um lenitivo, uma
palavra de consolo e esperança. Foram tantos os pedidos e tantos os trabalhos
realizados que já perdera a conta. Viu inúmeras pessoas que declaravam
amor eterno pela Umbanda e bastava que alguns pedidos não fossem alcançados na
plenitude desejada que já se afastavam, criticando o que ontem lhes era
sagrado...
Presenciou pessoas que, vindas de
outras religiões, encontraram a paz dentro do terreiro, mantido a duras penas,
uma vez que nada cobrava pelos trabalhos realizados ("Dai de graça o que
de graças recebestes").
Solteiro permanecia até hoje, pois
embora tivesse tido várias mulheres que lhe foram caras, nenhuma delas agüentou
ficar a seu lado, pois para ele a vida sacerdotal se impunha a qualquer outro
tipo de relacionamento. Amava mesmo assim todas aquelas que lhe fizeram
companhia em sua jornada terrena. Brincava, o velho sacerdote , quando lhe
perguntavam se era casado e respondia, bem humorado, que se casara muito cedo,
ainda menino. A curiosidade dos interlocutores quanto ao nome da esposa era
satisfeita com uma só palavra: Umbanda, este era o nome da esposa.
Com o passar do tempo, a idade foi
chegando; muitos de seus filhos de fé seguiram seus destinos vindo eles também
a abrirem suas casas de caridade. O peso da idade não o impede de receber suas
entidades. Ainda ecoa, pelo velho e querido terreiro, o brado de seu Caboclo, o
cachimbo do Preto-velho perfuma o ambiente, a gargalhada do Exu ainda
impressiona, a alegria do Erê emociona a ele e a todos...
Enfim,
sente-se útil ao trabalhar.
Hoje não tem gira. O terreiro
está limpo, as velas estão acessas e tudo parece normal. Resolve adentrar ao
terreiro para passar o tempo, perdera a noção das horas. Apura os ouvidos e
sente passos a seu redor, percebe que alguém puxa pontos e que o atabaque toca.
Ele está de costas para todos e de frente para o congá. O cheiro da defumação
invade suas narinas... Seus olhos se enchem de lágrimas na mesma proporção que
seu coração se enche de alegria. Estranhamente, não sente coragem ou vontade de
olhar para trás, apenas canta junto os pontos. Fixa seus olhos nas imagens do
altar, fecha os olhos e ainda assim vê nitidamente o congá, parece que percebe
o movimento do terreiro aumentar. Vira de costas para o congá e a cena o
surpreende: vê Caboclos,Boiadeiros, Pretos Velhos, Marujos, Baianos, Erês e
toda uma gama de Guias... Até Exus e Pomba Giras estão ali na porteira. Se dá
conta que os vê como são, não estão incorporados. Todos lhes sorriem
amavelmente.
Dentre tantos Guias, percebe aqueles
que incorporam nele desde criança. Tenta bater cabeça em homenagem a eles, mas
é impedido. O Caboclo, seu guia de frente, se adianta, lhe abraça, brada seu
grito guerreiro... Os demais o acompanham. O velho pai de santo não agüenta e
chora emocionado... As lágrimas lhe turvam a vista. Fecha seus olhos e ao
abri-los todos os guias ainda permanecem em seus lugares embora calados...Nota
uma luz brilhante em sua direção, Iansã e Omulu se aproximam, seu Caboclo os
saúda e é correspondido. A luz o envolve completamente.Já não se sente mais
velho.Na verdade sente-se jovem como nunca. Seu corpo está leve e ele
levita em direção à luz. Todos os guias fazem reverência...O terreiro vai
ficando longe envolto em luz... Ele sorri alegre... A missão estava cumprida...
No dia
seguinte, encontram seu corpo aos pés do congá.Tinha nos lábios um sorriso...
( Autor
Desconhecido)
Bruninha,
ResponderExcluirlinda a sua mensagem sobre a Umbanda, ainda pouco conhecida em sua verdade...
Bj,Neide
Parabéns, minha linda!
ResponderExcluirSuas mensagens são passadas com tanta riqueza, vibro com todas elas!!
Deus me abençoou ao gerar um ser tão iluminado que é você, querida!
Que Deus continue iluminando sempre seus caminhos e sua vida seja repleta de felicidades!
Te amo muito eternamente!
Beijinhos,
Sonya