Máscaras de Ferro
O zinabre mancha a sua face pálida, quase translúcida, formando marcas esverdeadas que não lhe permitem esquecer por quanto tempo sustentastes a máscara criada para enganar e proteger-se de si mesmo.
Habitamos ambientes de aparências, um eterno palco teatral em que encenamos personagens adequados a cada cena de nossas vidas. Criar papéis é normal, creio eu, pois, inconscientemente, direcionamos determinados atos, palavras, gestos e expressões ‘cabíveis’ ao ambiente em que frequentamos. Mas, assumir papéis sociais não indica termos que construir máscaras inflexíveis, criadoras de um novo eu.
É árdua a missão de tentar, mesmo que de forma humilde, desvendar a mente humana e seus infinitos e complexos mistérios e paradigmas. Ainda me encontro em processo de alcançar uma parte de entendimento do meu eu, tendo, constantemente de ser suprida por coragem, para ver o que muitas vezes não desejo; e perseverança, para não me acovardar a ponto de criar figuras e supostas verdades a me acobertar de mim mesma e ludibriar meu próximo.
Recuso-me a digerir o que ouço e percebo constantemente: que há homens malévolos, traiçoeiros e destituídos de qualquer senso de honestidade. Seres dessa estirpe exalam um aroma ácido e pútrido, que reflete sua decomposição moral, mas muitas vezes inebriantes, pois como magos negros, eles seduzem suas vítimas, poluindo-as de equivocadas expectativas, ilusórias promessas e olhares de ligeira benevolência. Parece paradoxal esses seres serem mal cheirosos e ao mesmo tempo inebriantes, porém, agindo como entorpecentes, suprem os desejos dos desavisados, oferecendo-lhes o que anseiam sentir. Em algum momento, o torpor se esvai, e tomados por súbita lucidez, as ‘vítimas’ percebem o quão danoso foi consumir esse tóxico.
Se pudesse reunir todos os intérpretes mundanos que já conheci, poderia elaborar uma grande tragédia grega, na qual o papel de vilão seria o mais disputado. Mas, esquecem que o poder do tempo é capaz de dizimar as inúmeras farsas, deixando-os marcados com a ferrugem de suas máscaras, até então indestrutíveis obras de suas geniais representações, que camuflavam uma personalidade torpe, covarde e insegura.
Cruzar o caminho desses alguéns faz parte de nossa existência, apresentando-se como uma preciosa e significativa oportunidade de aprendizado. Se soubermos usufruir dessa lição, desenvolveremos toda a nossa ânsia de sermos espíritos melhores, buscando-se o perdão, pois ‘eles não sabem o que fazem’. A ignorância do bem não é conhecimento.
Bruna Lupp
Lindo demais Bruna!!
ResponderExcluirFico encantada com todos os textos q escreve!
Cada um melhor que outro; parabéns!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirMaravilhoso... vc é minha Clarice brasileira =D
ResponderExcluirTítulo muito legal Bruninha, o texto todo, na verdade.
ResponderExcluirEscreva logo outros textos!
Não canso de me surpreender com vc, menina! Parabéns Bruna.
ResponderExcluirO primeiro parágrafo é um poema. A ideia é ótima. E é na travessia do primeiro para o segundo parágrafo que se dá a passagem da poesia para a crônica de costumes. Isso é bom. Sinal de que você sabe transitar pelos dois caminhos, né?
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